Neste quarto domingo da quaresma é apresentado no evangelho de São João a cura do cego de nascença. E diz que “Jesus viu um homem” (Jo 9,1). No meio de tantas pessoas, Jesus viu esse homem. No meio de tantos, Jesus nos vê. E Jesus cuspiu no chão, formou um barro, colocou nas vistas desse homem e pede para ele se lavar na piscina de Siloé. Esse homem, sem dizer uma palavra faz o que ele pediu e, a partir de então, fica curado.
Depois dessa cena, o evangelho colocar vários fatos: alguns vizinhos cochichando sobre o que ocorreu, os fariseus condenando Jesus porque fez o milagre num dia de sábado e isso não era permitido. Ainda havia outros indagando como um pecador consegue realizar tais sinais. O fato chega a tal ponto, que o cego acaba sendo expulso da comunidade por ter sido curado por Jesus. Ao saber da notícia, Jesus vai ao seu encontro e o homem curado acaba o aceitando e acreditando em Jesus.
Irmãos, o homem foi curado por Jesus e julgado pelos homens. Isso além de ser forte é no mínimo contraditório. Com um homem é expulso e menosprezado pelos demais ao ser curado? Podemos fazer essa pergunta para o dia de hoje: por que uma pessoa que está de bem com a vida é julgada facilmente pelos outros? Inveja. Essa mal, chamado inveja, nos faz ficar cegos.
Não conseguimos ver que o bem do outro, também deve ser o meu bem e que a alegria dos irmãos deve ser também a minha alegria. Talvez o único que estava enxergando ali naquela cena seria o cego, pois todos os demais estavam cegos pela inveja. A inveja corrói a nossa visão trazendo um sentimento de raiva pelo bem que o outro possui. A inveja mata, como diz o provérbio. Não mata a pessoa invejada, mas mata a pessoa que é invejosa. O primeiro sintoma dessa morte é a cegueira, onde não vemos o bem do outro e passamos a ver os defeitos, só para sermos os primeiros a apontar o erro.
“Não vos perturbeis pelo pecado do outro”, assim diz Francisco. Nem pelo erro do outro devemos nos perturbar, ou seja, sentir inveja. Não nos perturbemos irmãos, não fiquemos cego. Só há um comprimido para evitar tal cegueira e tal morte: gratidão a Deus por tudo que ele faz a nós e ao próximo. Paz e Bem!