Quando nos propomos a falar sobre um assunto ainda considerado tabu, além de cuidado e responsabilidade com as palavras é necessário muito discernimento para responder as questões que surgem após o esclarecimento prévio do assunto.
Essas dúvidas podem vir de outras pessoas ou de nós mesmos, por isso é tão importante que, ao pensarmos sobre suicídio, primeiro precisamos nos desarmar de todo o preconceito que veladamente ainda está em nós, a fim de que o objetivo principal, que é o de buscar formas de ajudar o próximo que sofre seja alcançado.
Logo após a publicação do primeiro texto do setembro amarelo aqui no blog, a grande dúvida que eu tive foi: “Como posso reconhecer as pessoas que pensam que cessar a vida é a melhor solução e como posso ajudá-las?”
Muitas pessoas acreditam que aqueles que cometem suicídio não avisam e agem simplesmente por impulso, o que pode acontecer, mas não é uma regra. Segundo a psicóloga Eny Paiva, geralmente os sinais são demonstrados por mudanças de comportamentos como tristeza frequente, isolamento, desânimo constante, falta de prazer e abandono dos cuidados pessoais. Esses são sinais mais sutis, porém existem pessoas que falam sobre a intenção de cessar a vida para amigos ou familiares; nesses casos muitas vítimas são ignoradas ou têm o relato tratado como “frescura”. E são justamente nessas atitudes que o setembro amarelo quer nos alertar, precisamos nos conscientizar de que se alguém nos dá sinais sutis ou não, é necessário atenção para entender e assim, ajudar o nosso próximo.
Essa ajuda de que tanto falamos não é algo tão difícil de fazer, basta que nos desarmemos de preconceitos para começar a desconstruir o tabu que se formou e que torna este tema tão velado. Eny aponta que para ajudarmos essas pessoas basta que sejamos um bom ouvinte, demonstremos amor e empatia por elas para tentarmos entender o seu sentimento, acolhê-las e direcioná-las para ajuda de um profissional especializado (psiquiatra e psicólogo). Claro que existem recomendações para melhorar esse auxílio e um deles é mais ouvir do que falar, ser um bom ouvinte é mais valioso nesse caso do que ser simplesmente um conselheiro.
O ministério da saúde lançou em 2017 cartilhas que nos ajudam a entender melhor o suicídio e com as recomendações de como podemos de fato ajudar, o acesso a esse material você encontra aqui.
É importante que tenhamos em mente que não podemos nos omitir e fingir que o suicídio não acontece. Ele está aí, os números vem crescendo de forma alarmante e a vida não pode ser ignorada. Toda vida vale a pena e se podemos achar formas de preservá-la é nosso dever cristão e franciscano fazê-lo. Converse sobre esse tema em seus grupos e fraternidades.